30 de setembro de 2009

PALAVRAS

Você já pensou sobre a força das palavras? Na força negativa e positiva? Sim, afinal, as palavras podem libertar e oprimir, alegrar e entristecer, fazer viver e fazer morrer, aliviar e angustiar, rir e chorar, incentivar e esmorecer, amar e odiar e assim tantas coisas mais.
Estava pensando sobre estas coisas e, coincidentemente, encontrei um texto da escritora Lya Luft. Ela, entre outras coisas, afirma que a palavra faz parte da nossa essência: com ela, nos acercamos do outro, nos entregamos ou nos negamos, apaziguamos, ferimos e matamos. Com a palavra, liquidamos negócios, amores.
Uma palavra confere o nome ao filho que nasce e ao navio que transportará vidas ou armas. “Vá”, “Venha”, “Fique”, “Eu vou”, “Eu não sei”, “Eu quero, mas não posso”, “Eu não sou capaz”, “Sim, eu mereço” - dessa forma, marcamos as nossas escolhas. Viemos ao mundo para dar nomes às coisas: dessa forma nos tornamos senhores delas ou servos de quem as batizar antes de nós.
Palavras podem ofender mais do que a realidade:
• Você aquela vez disse que eu...
• De jeito nenhum, eu jamais imaginei, nem de longe, dizer uma coisa dessas...
• Mas você disse...
• Nunca! Tenho certeza absoluta!
Vivemos nesses enganos, nesses desencontros, nesse desperdício de felicidade e afeto.

O MODO DE DIZER

Além do conteúdo das palavras, existe a forma de como elas são ditas. Muitas vezes queremos falar uma coisa, mas a forma ou a nossa expressão acaba nos traindo. Outro dia uma amiga me dizia que a funcionária dela se ofendeu porque pediu a ela que fizesse tal coisa. Fui falar com a funcionária e ela foi muito humilde na resposta: - Não sei porque ela foi tão arrogante ao me pedir uma coisa tão simples. Vou contar uma pequena história, enviada pelo amigo Giovani Ascari, para demonstrar como as palavras e o modo de expressá-las são importantes em nossa vida:
Havia certa vez uma jovem muito bonita que tinha dois pretendentes: um deles era reservado e mais calado e o outro era muito extrovertido e brincalhão. Este último sempre falava das belezas da moça e de quanto ele a queria para todos que encontrava na cidade, de modo que ela se tornara muito conhecida. Por fim, um dia, a jovem se casou. Com quem? Com o jovem reservado que não ficava falando dela para todo mundo.
Na saída da igreja perguntaram ao vaidoso:
- O que aconteceu? Não dizias que ela era tão bonita e formidável...
Ao que o jovem falou:
- O problema é que enquanto eu falava
PARA ela, o outro falava COM ela.
Você percebeu como ocorre o diálogo? Por que as palavras bonitas não bastam? Qual foi o ingrediente que colocou força nas palavras? Qual foi o segredo da boa comunicação, o número de palavras? Com certeza, não! Um dos segredos do saber falar é falar com a vida, com paixão, com os olhos, com os gestos, com o silêncio, com a alma.
Quantas vezes você já escutou pessoas falarem: - É, falou bonito, mas falou sem vida. Ou: - Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço. Infelizmente, esta é a realidade de grande parte das palavras que nós ouvimos diariamente.

AS PALAVRAS NO RELACIONAMENTO

Quando duas pessoas se amam, qualquer mínimo detalhe é importante para o outro. No amor, as coisas mais simples são as mais importantes, e uma das coisas mais simples é a amizade. Amar significa serem amigos íntimos. Um namoro ou casamento sem amizade não é namoro ou casamento. É uma convivência entre dois seres estranhos para ir administrando a vida.
Maria Helena Matarazzo, escritora, afirma que conversar gostoso sobre as coisas do dia-a-dia é fundamental no relacionamento. Falar sobre o que você fez hoje, o telefonema da sua mãe, a política, o trabalho, os acontecimentos diários faz parte de um bom relacionamento.
Também é bom conversar com o companheiro sobre aquilo que a gente não fala para mais ninguém: nossos ataques de fúria, nossos medos. Isso permite que cada um vá descobrindo o outro e se descobrindo. Nesse momento, o mais importante não são as coisas práticas, mas o que sentimos ou vivenciamos. São essas trocas que aprofundam o amor.

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